Em entrevista ao Jornal " O Mirante " Paulo Fonseca diz que “o que faz falta na política é pessoas de coragem”

O socialista Paulo Fonseca ganhou a liderança da Câmara de Ourém à terceira tentativa. O autarca, líder distrital do PS, sabia que se sujeitava a uma travessia do deserto caso as coisas corressem mal. Arriscou mais uma vez e venceu. Pela frente tem quatro anos de mandato condicionados pela débil situação financeira da autarquia. Na edição semanal pode ler a entrevista completa na qual o político fala também sobre a corrupção e as perda pelo PS das câmaras de Alpiarça e Rio Maior.


Foi deputado e governador civil, mas presume-se que este era o cargo que ambicionava há muito tempo?
Gosto muito da minha terra e há muitos anos que ambicionava dar um contributo liderando um conjunto de factores potenciais do concelho. Mas a candidatura agora foi uma ideia nova. Conseguiram convencer-me a retomar esse meu amor já em 2009.
Não tinha vontade de se candidatar?
Não, porque às tantas a vida muda. Fui desempenhar funções de governador civil, de presidente da distrital do PS. Havia uma lógica diferente que poderia conduzir a outro tipo de patamares. Tendo sido o José Alho candidato há quatro anos, era lógico que fizesse uma segunda candidatura.
Havia também o receio de perder mais uma vez?
Não. Nunca tive esse receio. Aliás, na noite das eleições apareceram os cartazes a agradecer a confiança dos cidadãos, porque já tínhamos preparado isso.
Esta terceira candidatura, caso falhasse, poderia significar também o fim das suas aspirações políticas no concelho de Ourém e mesmo a nível distrital.
O que faz falta na política é pessoas de coragem. Tenho consciência que se tivesse perdido as eleições passaria a ser persona non grata em todos os circuitos políticos, como se as minhas qualidades e os meus defeitos tivessem desaparecido de um dia para o outro. E por isso a política é muitas vezes injustamente acusada, mas justamente noutros casos, de ter elementos que não têm coragem e sentido do risco.
Há quem prefira estar assim na política, sem correr grandes riscos.
Acho até que a maioria prefere estar assim e condeno isso veementemente. Assumi muitas vezes riscos elevados e nunca me dei mal com isso. Tenho orgulho em ter amigos do peito em todos os quadrantes políticos e isso deve-se também à noção do risco. Ao facto de não termos medo de enfrentar situações, com sentido responsável, claro. Nenhum de nós é suicida, mas acho que fazem falta na política pessoas que não dependam da política, que tenham património suficiente para poderem ser livres do ponto de vista do discurso e também pessoas que não tenham medo do risco.
À terceira foi de vez. Que condições se reuniram desta vez para ganhar a Câmara de Ourém?
Surgiu-me uma frase na euforia da festa da noite das eleições que foi: o balão do medo rebentou. Foi uma frase feliz, espontânea, porque nesta terra ainda hoje existe o medo de falar, de dar a cara, de envolvimento nas questões públicas. E essa dependência vai aumentando até que rebenta. Foram 30 anos de pressões sobre os cidadãos, porque têm um muro para aprovar, uma casa para aprovar…
ENTREVISTA COMPLETA NA EDIÇÃO SEMANAL QUE SAI ESTA QUINTA-FEIRA 12 DE NOVEMBRO DO JORNAL O MIRANTE .

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