Jovem Engenheiro de Freixianda distinguido com prémio de inteligência artificial

Pedro Oliveira, um jovem engenheiro licenciado pela Universidade de Coimbra, foi distinguido com o Prémio Nacional de Trabalhos em Inteligência Artificial 2009. O jovem conseguiu a nota máxima (20 valores) na sua tese de mestrado sobre Web semântica – que esteve na origem da distinção –, e encontra-se actualmente a fazer um estágio nos EUA, na empresa Clark&Parsia.Vamos imaginar o seguinte cenário: um utilizador faz uma pesquisa por “Sócrates”. Qualquer motor de busca devolve resultados, sem distinção, acerca do primeiro-ministro português e acerca do filósofo grego. A premissa da Web semântica é, precisamente, ajudar as máquinas a perceberem a diferença entre os dois.


“A vantagem da Web semântica em relação à Web actual é que, com aquela, é mais fácil para as máquinas fazerem sentido do conteúdo de uma página”. É desta forma que o Pedro Oliveira, de 23 anos, tenta explicar o alcance do seu trabalho. A Web semântica será, então, a visão de uma era em que os computadores não se vão limitar a recolher e a apresentar os dados que andam dispersos pela Internet, mas antes são capazes de “mastigar” essa informação e produzir respostas concretas.
Dito de um modo mais simples, a investigação de Pedro Oliveira vai “contribuir para que os computadores tenham a capacidade de entender a linguagem natural (linguagem dos humanos)”, explica, por seu, lado Paulo Gomes, orientador da tese de mestrado de Pedro Oliveira.
“Por exemplo, hoje, se entrar num motor de pesquisa, como o Google, e escrever “dei” (sigla do Departamento de Engenharia Informática) aparecem milhões de resultados porque o motor de pesquisa apenas ‘vê’ o símbolo ‘dei’ e não consegue perceber se é uma sigla ou um tempo verbal. O trabalho pode ajudar os computadores a decidirem qual o significado mais provável”, concretiza o orientador da tese, docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

Entrevistado pelo PÚBLICO via e-mail, Pedro Oliveira esclarece o objecto da sua tese de mestrado, que lhe valeu o prémio atribuído pela Associação Portuguesa Para a Inteligência Artificial (APPIA): “O que eu fiz na minha tese foi explorar uma nova abordagem para lidar com este problema da incerteza, baseada numa técnica chamada Lógica de Markov (inventada, por sinal, por um grupo de investigação liderado por um português, Pedro Domingos, da Universidade de Washington). Esta técnica provou ser bastante interessante para resolver o problema da incerteza na Web semântica, e criou algumas bases para que a comunidade académica se possa debruçar sobre a resolução deste problema”, explica.

“Uma Web mais inteligente”
Questionado acerca da importância que terá a Web semântica no futuro da Internet, Pedro Oliveira aponta: “a Web semântica é tida como o próximo passo da Web actual e tem tido muita relevância visto que a pessoa que a motivou é a mesma que é creditada pela invenção da Web – Sir Tim Berners-Lee”.
As vantagens mais evidentes para o utilizador comum seriam a maior facilidade com que passaríamos a encontrar a informação que pretendemos, mas também a informação relacionada. “Basicamente, é uma Web mais inteligente”, resume.
“A sua importância para o futuro da Internet provém do facto de que cada vez mais as pessoas utilizam a Web como fonte de informação e, quanto mais fácil e eficiente for navegar e fazer sentido dessa informação, maior importância terá a Web e a Internet em geral no dia-a-dia das pessoas”, acrescentou o jovem.
Para além do motor de busca Wolfram Alpha, que já faz uso das potencialidades desta Web semântica, Pedro Oliveira referiu outros sites que já estão a pensar em função desta nova era na qual as máquinas se vão aproximar da “linguagem humana”: o Twine (organizador de conhecimento), o Evri (um “browser” de informação), a Freebase (base de dados de informação), e a DBPedia (a versão Web semântica da Wikipedia).
Pedro Oliveira, natural de Casal Pinheiro, uma pequena aldeia do concelho de Ourém (Santarém), entrou na licenciatura de Comunicações e Multimédia, em Coimbra, tendo depois mudado para o curso de Engenharia Informática. Assumindo-se como um “aluno mediano”, foi só a partir do terceiro ano de curso que se começou a interessar pelo mundo da computação, sobretudo da Inteligência Artificial. Findo o mestrado, o jovem rumou a Washington D.C., em Novembro passado, para um estágio de um ano na empresa Clark&Parsia, uma companhia de desenvolvimento de soluções baseadas na Web semântica.

Onde é que se imagina no futuro? “No futuro gostaria de vir a fazer um doutoramento, talvez aqui nos Estados Unidos. Ainda estou indeciso sobre o tema e o local, mas é o que espero estar a fazer no próximo ano. Depois do doutoramento, que normalmente dura cinco anos, gostaria de ir trabalhar para uma empresa inovadora, como aquela em que estou agora, ou, quem sabe, fundar a minha própria empresa”.

1 comentário:

v.oliveira disse...

Parabéns ao Pedro por todo este trabalho recompensado e que começa a dar frutos! É de boas notícias destas de pessoas com valor nesta terra que são precisas!