Mercado, que futuro?


O mercado semanal não é propriamente tema novo neste blog, mas o que temos discutido é somente a sua localização e a sua possível deslocação de modo a permitir aproveitar o actual espaço para outros fins: criação de espaços verdes, zona de lazer etc.
É uma discussão interessante, sem duvida, mas o que proponho agora é algo diferente. Vamos pensar no mercado, a sua importância na nossa terra, e o que podemos fazer para assegurar o seu futuro.
O problema principal do mercado da Freixianda é o mesmo que o de outros mercados que conheço, a falta de clientes, ano após ano são menos as pessoas que vão à feira. Interessa pois, perguntar: Porquê?
As pessoas escolhem outras alternativas, como os hipermercados, para
adquirirem os seus produtos. Os motivos são óbvios: estes têm melhores infra-estruturas que proporcionam maior conforto, mais higiene, melhores acessibilidades e horário mais abrangente, neste ponto convêm percebermos que a maioria da população está empregada cumprindo horários que são por norma incompatíveis com uma feira que se realiza à segunda-feira de manhã.
Perante esta realidade a tendência das autarquias, reconhecendo a importância dos mercados para as suas populações, têm sido o de construir novos mercados e equipando-os de uma forma moderna e funcional adequada aos tempos em que vivemos. Todavia, estes novos mercados continuam a deparar-se com o mesmo problema, fraca aderência da população, porque não há uma promoção e potencialização das vantagens únicas que um mercado pode oferecer, não há um estudo da população alvo, aquela que tem disponibilidade para vir à feira. Um bom exemplo disso é o mercado de Ourém, bom, bonito, funcional, com muitos vendedores, mas…..sem clientes.
Para além das obras que são necessárias no nosso mercado, o mercado do peixe é disso o melhor (ou pior) exemplo, ou por outro lado a construção de um novo mercado noutro local, vamos agora discutir ideias para chamar mais gente à feira.
- Podia ser criada uma rede eficaz de transportes por toda a freguesia, bem como freguesias vizinhas para transportar as pessoas para a feira e depois de volta às suas casas. Em dias de mercado podiam criar um “passe feira” mensal que permitiria a pessoa deslocar-se dentro dos circuitos pré definidos.
- Criação de uma secção de produtos regionais dentro do mercado para os pequenos produtores poderem vender, por exemplo: mel, vinho, azeite, etc. Seria necessário enquadrar isto com as exigências legais, sendo também de ponderar a criação de uma marca própria “mercado da Freixianda”.
- Organização de uma feira temática por mês: feira dos frutos secos, do artesanato, das flores, dos cereais etc. Estas feiras poderiam ocupar o domingo e a segunda-feira, poderia ser por exemplo, todos os primeiros fins-de-semana de cada mês.
- Tentar incluir a feira da Freixianda nas rotas turísticas da região; Fátima, Tomar, etc.
- Divulgar regularmente junto da população local, através dos meios de comunicação ao nosso dispor, as novidades relacionadas com o mercado.
Estas medidas não acarretariam um grande custo e teriam forte impacto, dinamizando o mercado, devolvendo-lhe a importância que este merece. Seria contudo necessário um forte empenho, pelo que seria útil formar uma comissão que trataria de estudar e implementar estas e outras medidas que se entendessem necessárias.

Ricardo Almeida

11 comentários:

Ana Oliveira disse...

Ontem mercados tradicionais; hoje hipermercados; amanhã quem sabe, tudo online.
É a evolução, gente!
Adianta resistir?

Carlos Gomes disse...

Gostei do artigo. Pela sua localização, a feira da Freixianda - e a Freixianda propriamente dita - exercem e beneficiam da sua influência num raio de acção que, para além da área a norte do Concelho de Ourém, se estende ainda aos vizinhos concelhos de Pombal e Alvaiázere. Este constitui um dos factores que pode contribuir para a criação de uma nova centralidade em torno da Freixianda.
Outro que não tem a ver directamente com este assunto seria a ligação do IC3 a Leiria, aproximando a Freixianda do principal eixo rodoviário do país ou seja, a A1 a ligar Lisboa ao Porto.
Já tive a oportunidade de referir estas questões noutro blog. Parabéns pelo artigo!

Anónimo disse...

Ó Ana obviamente que SIM…vale a pena resistir, só quem nunca foi a um mercado pode comparar um mercado a compras online.
Dou-lhe um conselho a uma segunda-feira vá ao mercado, sinto o cheiro, escolha a melhor fruta, compre uma flor, prove uma azeitona, converse com um amigo passe uma manhã em beleza, depois vá para a frente do computador e compre online e veja a diferença. A não ser que seja daquelas pessoas que num mundo individualista, como o nosso se está a tornar,que tem amigos no facebook, sexo é virtual, compras é na internet e iguarias na cozinha é macdonald ou family frost.
Por mim vou continuar a fazer compras no mercado e resistir….e hipermercados nem me aproximo é que nem economicamente é compensatório.
Evolução? Por toda a Europa os mercados crescem e florescem, por aqui parece que estagnaram mas com ideias como a do autor do texto pode ser que continue a valer a pena resistir a esta “evolução”.
Jorge Bucho

Carlos Gomes disse...

As coisas são como são e não como gostaríamos que fossem. Nada podemos fazer para contrariar a evolução mas acredito que existe espaço para as diferentes realidades - o mercado tradicional, as superfícies comerciais modernas e o comércio electrónico.
Recusar o comércio electrónico equivaleria a recusar este meio de comunicação que estamos neste momento a utilizar... podíamos fazê-lo, de igual modo, no meio da praça pública e desse modo sentir o pulsar do povo!
A seu modo, tanto a Ana Oliveira como o "Anónimo" têm razão. Mas, tal como a rádio, a televisão e agora a internet não acabaram com a imprensa escrita, também o mercado on-line não fará desaparecer o mercado tradicional precisamente pelas razões apontadas pelo comentador anterior. O que terá de suceder é um ajustamento do espaço e das características deste. E, sobretudo, uma melhoria substancial das condições de funcionamento. Existem regras para a comercialização dos produtos alimentares. Os mercados devem possuir condições de higiéne e salubridade, incluindo instalações sanitárias adequadas. Os espaços de mercado não devem constituir obstrução à circulação de viaturas prioritárias, nomeadamente dos bombeiros. As localidades não devem exibir falta de asseio após a realização de um mercado. A via pública não deve apresentar armadilhas para pessoas com limitações de locomoção ou invisuais, como sucede com a colocação de ferragens no pavimento. Os feirantes devem dispôr de condições de utilização - e cumprir com as suas obrigações no aluguer dos espaços! - e os munícipes poder dispôr de tão magnífico espaço que constitui o Largo Juvêncio Figueiredo, para sua área de convívio, lazer e até animação cultural.
Tal como Ourém alterou a localização do seu mercado, também a Freixianda terá, mais tarde ou mais cêdo, de encarar essa realidade. Apenas terá de ser encontrada uma solução mais adequada e, se possível, a contento de todos! Eu compreendo que é necessário ter coragem para decidir porque os eleitos receiam a perda de votos. Mas esse será precisamente um teste à coragem, lucidez e coragem dos autarcas que o povo da Freixianda elegeu. Tenho esperança de que será capazes de encontrar a melhor solução!

Unknown disse...

Não sou adepto da mudança de local do mercado. Aquela localização é uma vantagem, pela tradição e pela ligação ao núcleo urbano, pelos serviços complementares que permite fornecer nos cafés e restaurantes.

O mercado é valorizado pela comunidade, por isso a melhor estratégia não é deixá-lo ao acaso, é melhor ter alguém responsável por um planeamento, uma programação, divulgação, etc. Cabe à autarquia, à Junta de Freguesia, gerir de forma criativa e profissional aquele recurso.

As pistas apontadas são muito interessantes, mas nunca é demais insistir na dimensão cultural, para além da utilitária. Animação de rua: noutros tempos, por exemplo, o carnaval era muito mais animado; as festas anuais (S. Martinho, Natal, Páscoa, etc.) podiam ser assinaladas. Diversificação: uma das temáticas já apontadas podia incluir feira de artigos usados (como na tradição francesa do vide-grenier). Articulação com as escolas para desenvolvimento e divulgação de projectos (a presença das crianças dá sempre um colorido diferente).

É uma discussão de grande utilidade, pelas ideias que podem surgir.

Ricardo Almeida disse...

Olá

Ao escrever este artigo o que eu pretendia era gerar algum entusiasmo em torno do mercado. Contava que aparecessem muitas ideias novas, que fossem uma demonstração inequivoca da importância que as pessoas dão à Feira.

Afinal parece que o mercado não têm assim tanto valor para as gentes da nossa terra e isso explica bem o porquê de ele definhar semana após semana.

Não fosse eu ter a certeza da necessidade de dinamizar o mercado,
diria já aos responsaveis autarquicos para deixarem tudo como está. O povo aplaude!

Vou mas é pra tasca comer amendoins e falar de bola!

Carlos Gomes disse...

Não existem ideias novas?!
O mercado apenas se justifica se tiver algo para oferecer alternativo aos outros espaços comerciais. Desde logo, o convívio humano que sempre proporciona como ponto de encontro. Mas também como um local onde se podem encontrar produtos tradicionais que não se expõem nas prateleiras dos supermercados nem são facilmente vendáveis através do comércio electrónico, como as árvores de fruto, as plantas para sementeira, os produtos caseiros, o artesanato.
Mas, também é necessário melhorar as condições de funcionamento e salubridade como dotar a feira de um espaço adequado à instalação de tendas, o que não é actualmente o caso do Largo Juvêncio Figueiredo. Providenciar instalações sanitárias condignas. Dotar a feira de um espaço mais amplo para venda de alimentos frescos e outros produtos alimentares, retiranto estes em absoluto da via pública. Providenciar condições de saneamento básico para acabar com as lixeiras e a sujidade no centro da Vila da Freixianda. Transferi-la para um local tão próximo quanto possível do actual de modo a dotá-lo das condições mencionadas e não obstruir a circulação dos bombeiros em situação de emergência. E, a partir daí, diversificar a oferta, dinamizar actividades que atraiam o público e, sobretudo, orientar a oferta em função da procura pois é condição indispensável para o funcionamento do mercado.
A mudança do local é a que oferece mais resistências e a que revela as posições mais conservadoras. Contudo, ela terá de ser encarada mais tarde ou mais cêdo, tal como a cidade de Ourém fez em relação ao seu próprio mercado!
Carlos Gomes

el campesino loko disse...

caro carlos gomes
as sementes são para semear
as plantas para plantar,logo nunca pode existir uma sementeira de plantas.

el campesino loko

Carlos Gomes disse...

Tem razão!
Carlos Gomes

Magnolia disse...

O mercado da Freixianda é como as casas de banho publicas

a medida que os anos vão passando elas vão ficando mais pequenenas.

Anónimo disse...

A questão dos bombeiros poderá ser resolvida com a criação de uma serventia nos campos existentes nas traseiras do supermercado do Murgano;
quanto à feira, melhor ordenação e arrumação, se a feira mudar de local, terá tendência a acabar;
a utilização do espaço para outras actividades, também era bem vinda; a ideia dos transportes, poderia ser estudada, nomeadamente no inverno, aproveitando os autocarros do transporte escolar, que estam parados até à hora de almoço.